“4 E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa,
como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
6 O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo
testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito
vivifica.” (II Coríntios 3.4-6)
Toda a capacitação de qualquer cristão para o cumprimento do
seu ministério espiritual vem da parte de Deus.
Porque é Ele quem habilita seus ministros a serem capazes
para a obra do ministério do Novo Testamento, que não é uma mera exposição da
letra das Escrituras, ou mera transmissão de palavras, como ocorria no Velho
Testamento, mas a ministração do Espírito aos espíritos, porque somente a letra
sem o Espírito, produz morte, porque não pode gerar a vida de Cristo nos corações.
Os sacerdotes do Antigo Testamento não foram capacitados e
chamados a cumprir um tal ministério em todas as nações, mas é exatamente este
o ministério desde que Cristo inaugurou um Novo Testamento (aliança), no Seu
sangue.
Não foi Paulo que inventou a doutrina de que é o espírito
que vivifica, mas isto foi uma revelação de nosso Senhor Jesus Cristo em seu
ministério terreno:
“O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita;
as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63)
Quando Jesus disse que as palavras que ele havia dito eram
espírito e vida, isto significa que Suas palavras foram inspiradas e proferidas
pelo Espírito, pois tudo quanto fazia e ensinava era mediante o Espírito Santo.
É fácil observarmos isto quando lemos os discursos que Ele
proferiu e que foram registrados nos evangelhos. Nós logo vemos que há espírito
e vida, por exemplo, nas palavras do Sermão do Monte, nos discursos do
evangelho de João e em tudo mais que o Senhor fez e ensinou, não somente porque
se trata da verdade, mas também porque foram proferidas pelo espírito e não
pela carne.
Esta é a razão de muitos lerem a Bíblia no culto público, ou
pregarem a verdade, e não transmitirem vida aos seus ouvintes, porque o fazem
na carne, e não no espírito.
O que podemos entender então é que sempre que as palavras
que são proferidas forem procedentes de um espírito liberado em comunhão com o
Espírito Santo, o resultado será que a palavra transmitirá vida espiritual
àqueles que as lerem ou ouvirem.
Por exemplo, os sermões de Spurgeon ainda falam com vida
porque Ele andava no Espírito e pregava no Espírito, e ainda hoje nós podemos
sentir o espírito e a vida que há nos seus sermões, porque foram pregados com
palavras ensinadas pelo Espírito e com a unção do Espírito.
O mesmo pode ser dito dos escritos da quase totalidade dos
puritanos, especialmente de John Owen, Richard Sibbes, Richard Baxter, Thomas
Manton, Thomas Watson, dentre outros.
Não há nada de influência ressecante nestes escritos, ao
contrário, eles transmitem vida espiritual porque foram produzidos em espírito,
pela inspiração do Espírito Santo, em pessoas cujos espíritos estavam
santificados.
Então é um excelente critério para nortearmos a seleção dos
louvores e dos sermões que ouvimos, dos livros e das mensagens que lemos,
procurar identificar se é a carne ou o espírito que os produziram. Se foi a
carne, gerará o que é carnal, natural, desta criação, porque o que é nascido da
carne é carne. Mas se foi o espírito, gerará vida espiritual.
Por isso se diz que o ministério da Igreja é o ministério do
espírito (veja que é usado espírito com inicial minúscula no texto de II Cor
3.6,8):
“o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo
pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica.” (II Cor 3.6).
“Como não será de maior glória o ministério do espírito?”
(II Cor 3.8).
Devemos ter o cuidado de não cometer o mesmo pecado dos
escribas e fariseus que não reconheceram o ministério do Messias e O
rejeitaram, porque é possível estar totalmente alheio ao fato de que há um
ministério do Espírito Santo acontecendo desde o Pentecostes ocorrido em
Jerusalém, neste período que chamamos de dispensação da graça, que podemos
também chamar de dispensação do Espírito Santo.
Havia e ainda há um véu no Antigo Testamento, que impedia
que se visse claramente o significado das realidades espirituais relativas ao
evangelho de Cristo, que está revelado no Velho Testamento em sombra, mas
claramente revelado no Novo Testamento.
É somente quando o Espírito Santo remove este véu que
podemos entender o mistério de Deus para o homem, que é Cristo, pela conversão
de suas almas a Ele.
Por Silvio Dutra